sábado, 1 de outubro de 2011

01/10 Com aversão ao risco, ouro mantém posto de melhor investimento em setembro


 A aversão ao risco voltou a prevalecer nomercado brasileiro e, em setembro, o Ibovespa repetiu o mau desempenho visto nos últimos seis meses, acumulando perdas de 7,38%. O índice garantiu o posto de pior investimento do mês - mesmo resultado de abril, maio, junho, julho e agosto.
Em linha com o que foi visto em agosto, o ouro negociado na BM&F (Bolsa de Mercados & Futuros) encerrou o mês com variação positiva. Considerando a variação real - ou seja, descontada a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) - o ouro apareceu como a melhor aplicação no mês de setembro, com rendimento de2,41%. Apesar de ainda expressiva, esta taxa foi bem menor do que a de 7,46% vista no mês anterior.
O dólar medido pela taxa Ptax ficou com o posto de segundo melhor investimento do mês, com ganhos de1,20%em termos reais. Na renda fixa, o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que marcou alta de 0,29%em setembro, foi seguido de perto pelos CDBs pré-fixados de trinta dias, que acumularam no mês retorno de0,27%.
A caderneta de poupança, por sua vez, interrompeu a sequência de ganhos dos meses anteriores e fechou setembro com rentabilidade real de -0,05%.
InvestimentoAgostoReal*SetembroReal**
Ibovespa -3,96% -4,38%-7,38%  -7,98%
CDI*** +1,07% +0,63%+0,94%+0,29%
CDB **** +0,97% +0,53% +0,92% +0,27%
Poupança +0,71% +0,27%+0,60% -0,05%
Ouro +7,93% +7,46%+3,07%+2,41%
Dólar Ptax +1,59%+1,14%+1,85% +1,20%
IGP-M +0,44%-+0,65%-
* Deduzida a variação do IGP-M que ficou em +0,41% em agosto de 2011
** Deduzida a variação do IGP-M que ficou em +0,65% em setembro de 2011
*** Taxa Efetiva Andima
**** Taxa pré 30 dias
Europa: reuniões, rebaixamento de ratings e mais medidas de austeridade
Setembro começou repleto de dúvidas acerca da capacidade da Grécia em cumprir as medidas de austeridade exigidas pela Troika - grupo formado pelo BCE (Banco Central Europeu), FMI (Fundo Monetário Internacional) e União Europeia - sinalizando que a liberação das parcelas do plano de ajuda ao país tornavam-se cada vez mais difíceis. O país anunciou medidas de austeridade adicionais, mas não escapou de ter o rating de oito bancos do país rebaixados pela Moody's, que citou a deterioração da economia local.
Os temores de recessão na Zona do Euro e de uma reestruturação da dívida grega no médio prazo cresceram durante o mês. O ministro grego, Evangelos Venizelos, afirmou que o país enfrenta o risco de um default desordenado e chegou a sugerir um possível desconto de 50% na dívida junto aos credores. A Moody’s rebaixou o rating de oito bancos gregos, citando a deterioração da economia local entre os principais motivos para a mudança de avaliação.
Os investidores colocaram em xeque a capacidade da Grécia colocar em prática as medidas de austeridade aprovadas em julho, mas os líderes da França e da Alemanha voltaram a afirmar seu apoio ao país. Os ministros das Finanças e os bancos centrais do G-20 prometeram tomar as medidas necessárias para acalmar as tensões que abalam o sistema financeiro global.
A deterioração econômica, entretanto, não se restringiu à Grécia. O governo de Portugal anunciou um plano para controlar o déficit excessivo até 2013. Por sua vez, a Itália aprovou um pacote de medidas de austeridade para reduzir o déficit do país em mais de € 54 bilhões ao longo de três anos. A agência de classificação de risco Standard & Poor's cortou o rating soberano da Itália de A+ para A-, mantendo uma perspectiva negativa, por conta da dificuldade políticas para seguir o plano de austeridade fiscal.
Ao final do período, o clima de desconfiança foi amenizado após o parlamento alemão aprovar a expansão do EFSF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira), para dar mais flexibilidade ao fundo e amenizar os riscos de contágio na região. O parlamento da Zona do Euro ainda aprovou um pacote de reformas legislativas no âmbito da governança econômica, com uma série de medidas com dois pontos centrais: ações preventivas e corretivas mais fortes, além da redução de desequilíbrios macroeconômicos entre os países membros. Por fim, a Comissão Europeia propôs um imposto para transações financeiras, a ser implantado no começo de 2014.
Nos EUA, planos de estímulo inspiram ceticismoCom o mercado de trabalho estagnado em agosto e a projeção de crescimento para a maior economia do mundo reduzida de 2,7% para 1,7% pela Casa Branca, os norte-americanos direcionaram suas esperanças para os planos de estímulo a serem anunciados pelo Federal Reserve e pelo presidente Barack Obama. As expectativas, entretanto, foram frustradas por números pouco ambiciosos. 
O anúncio do pacote de US$ 447 bilhões para estimular a criação de empregos através de investimentos em infraestrutura, subsídios a governos estaduais e municipais e corte de impostos não animou os investidores, que mostraram-se temerosos sobre a efetividade das medidas, além de continuarem preocupados com a recuperação econômica do país.
O presidente Barack Obama ainda apresentou um plano para a redução do déficit norte-americano, no montante de US$ 4 trilhões nos próximos 10 anos. A proposta que será enviada ao Congresso representa “o maior corte de gastos da história do país”, disse Obama.
O Federal Reserve, por sua vez, anunciou a venda de US$ 400 bilhões de títulos públicos de curto prazo para reinvestimentos em títulos de longo prazo, com operações a serem completadas até o final de junho de 2012. O mercado já esperava a retomada da Operação Twist, utilizada nos anos 1960, e acabou por direcionar a atenção para a avaliação da economia do país feita pelo banco.
"O ambiente internacional permanecerá mais algum tempo instável, com as principais economias maduras do mundo registrando desempenho anêmico", disse o Federal Reserve ao final de uma reunião de dois dias. Analistas ainda duvidam da eficácia do plano para reverter o enfraquecimento do país ou mesmo para proteger o sistema financeiro dos riscos da crise fiscal europeia.
Brasil: juros menores, inflação maior e dólar mais caroO ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a presidente Dilma Rousseff sinalizaram a intenção de ajustar para baixo o juro básico, por conta da deterioração da economia internacional. O ajuste veio bem antes do previsto e com uma proporção que surpreendeu. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central contrariou o consenso de mercado e reduziu a taxa básica de juros em 50 pontos base, para 12% ao ano. 
ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) revelou a aposta em uma política fiscal mais restritiva e as perspectivas de ajuste para baixo da taxa Selic. O último relatório Focus sinalizou para um patamar de 11% do juro básico ao final do ano, contra a perspectiva de 12,50% registrada em agosto.
Além de uma taxa de juros mais baixa, o ano deve terminar com uma inflação maior. No Relatório Trimestral de Inflação, o Banco Central elevou a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,8% para 6,4% ao final do ano. 
O agravamento da crise europeia e o afrouxamento da política monetária levaram à uma forte desvalorização da moeda brasileira, cujo recuo tende a ser duradouro. O governo, que já taxava a posição vendida de câmbio com 1% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), decidiu promover um equilíbrio no mercado de derivativos em ambas posições e anunciou uma nova elevação do IOF sobre o mercado de derivativos, levando em consideração também a redução da posição comprada de câmbio.
"Não vamos nem temos previsão de mudar o IOF", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mesmo com o cenário de crise econômica internacional, que faz com que cresçam as chances de recessão e um crescimento muito baixo por um longo tempo, o ministro mostrou-se pouco à vontade para descartar as medidas para conter a valorização do dólar.
Pontas do Ibovespa
As ações ordinárias da Embraer (EMBR3) avançaram 17,26% em setembro, cotadas a R$ 11,78, a maior valorização do Ibovespa no mês em um período de grande instabilidade financeira internacional. Apesar deste contexto, a Embraer anunciou uma série de boas notícias que ajudaram na valorização dos seus ativos no mês. Dentre outros fatores, as ações da companhia foram favorecidas pela expressiva valorização cambial, que beneficia as empresas que trabalham com exportações e tem suas receitas em dólares e custos em reais.
Por outro lado, a forte queda de 15,33% das ações da Hypermarcas (HYPE3; R$ 8,84) na última semana de setembro, a maior do Ibovespa, levou a ação da varejista ao posto de também maior queda do índice em setembro, com desvalorização de 33,73%. Com isso, os papéis HYPE3 também acumulam o pior desempenho de 2011 dentre os ativos que fazem parte da composição da carteira teórica do índice, com queda de 60,54% - no mesmo período, o Ibovespa recuou 24,50%.
Embora o mercado acionário como um todo tenha sofrido durante o mês, a movimentação mais agressiva de Hypermarcas se deu justamente por conta de sua característica como empresa no setor de consumo, que tende a sofrer com maiores incertezas no mercado.

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