O perfil é conhecido: a pessoa não cansa de criticar a empresa onde trabalha, encontra mil motivos para não fazer o que é necessário e de quebra ainda influencia quem está ao seu redor, gerando um péssimo clima para trabalhar. É o famoso reclamão.
Você já deve ter encontrado alguém assim em sua vida profissional. Porém, pior do que ter um reclamão como colega de trabalho é se deparar com esse tipo dentre os funcionários do seu negócio.
Uma pessoa com esse perfil pode atrapalhar, e muito, o andamento de uma empresa, especialmente se estamos falando de um negócio pequeno, em que todos se conhecem e dependem do trabalho do outro para caminhar.
No entanto, não se desespere. Se você por acaso contratou um reclamão para a sua empresa, existem diversas formas de lidar com a situação – as saídas vão da autoanálise do próprio empreendedor à demissão do funcionário problema.
Veja a seguir:
Quando o assunto é um funcionário problema, a solução mais ouvida é “livre-se dele”. Porém, o consultor César Souza, da Escola do Empreendedor, explica que essa não deve ser a primeira saída.
“O mais comum é dizer “demite!”. Como se o problema fosse só o empregado. Mas eu indico fazer uma reflexão pra ver se aquela pessoa não está trazendo uma queixa fundamentada”, afirma.
Segundo o especialista, é possível que a reclamação aponte para comportamentos pouco saudáveis do próprio empreendedor, e que podem inclusive atrapalhar o negócio. “Ele pode ser um chefe muito centralizador, ou até injusto, do tipo carrasco que nunca dá aumento de salário”, exemplifica.
Uma autoanálise sincera pode revelar que o problema não está no funcionário e sim no comportamento do empreendedor. Quem sabe aquela pessoa não está lhe avisando que há algo errado no seu modo de gerir a equipe?
2 – Reveja seu processo de seleção
Se a sua empresa tem um funcionário que só reclama, alguém o selecionou para estar ali. Sendo assim, ao se deparar com um problema na equipe, é importante que o empreendedor se questione se está dando a devida atenção ao seu processo de recrutamento.
“É muito comum o empreendedor não investir nesse momento da seleção. Ás vezes ele terceiriza esse trabalho ou, quando realiza internamente, faz isso sem o devido cuidado”, afirma Souza.
Uma seleção mal feita gera dores de cabeça no futuro, já que pode ser necessário demitir a pessoa mal selecionada, gerando prejuízo e desgaste. “As pessoas não investem tempo na porta de entrada e isso depois se reflete em problemas”, avisa o consultor.
3 – Tenha uma conversa clara
Se você já avaliou seu próprio comportamento e também fez uma análise de como seu processo de seleção pode melhorar, é hora de focar no comportamento do tal funcionário reclamão.
Após observar atentamente como ele se comporta, chame-o para uma conversa franca, aconselha Alexandre Rangel, da consultoria Alliance Coaching.
O especialista conta que recentemente prestou consultoria a um gestor com esse problema. “Ele tinha uma funcionária que só reclamava e estava inclusive minando o comportamento dos demais colegas. Depois de um tempo de observação, ele a chamou para uma conversa”.
Segundo o consultor, é importante começar essa conversa levantando pontos positivos daquele funcionário, para só então falar do que precisa ser mudado. Já na hora de falar dos problemas, seja claro.
“É necessário ser objetivo. No caso desse gestor, ele levou três exemplos de momentos em que o comportamento da funcionária prejudicou o trabalho, quando na realidade o alvo da reclamação era algo pequeno”, continua Rangel.
Por fim, é interessante mostrar para esse funcionário o que ele pode ganhar se mudar de atitude.
4 – Nunca se altere
Rangel explica que é fundamental que o empreendedor não se exalte quando estiver frente a um problema como esse.
“Esse gestor que me procurou contou que, como a situação estava difícil, ele estava começando a alterar a voz, a agir com agressividade. Isso nunca é positivo”, afirma. Segundo o especialista, o ideal não é medir forças com o funcionário reclamão, mas sim conversar de forma objetiva.
“Num ambiente de trabalho, a bronca não leva a nada. Ao contrario, só gera o afastamento do funcionário e até mesmo o sentimento de vingança. O ideal é a conversa num tom brando e firme, com ações efetivas”, aconselha.
5 – Se nada der certo, demita
Caso a estratégia da conversa não dê resultado após algumas tentativas, a saída é a demissão.
“Se a situação persistir, a demissão pode ser a saída. É a maçã podre. A pessoa reclamona vai atraindo outros insatisfeitos, e isso deteriora a liderança da chefia. Quando vê, ele já perdeu o pulso”, explica Rangel.
César Souza, da Escola do Empreendedor, ressalta ainda que aquela empresa pode não ser o melhor para aquele funcionário.
“Trabalhei com uma pessoa assim uma vez. Chamei para uma conversa e perguntei: ‘qual o seu sonho?’. Ele me respondeu que queria montar um bar”, lembra. “Resolvi então ajudá-lo a montar um plano de negócio e deu certo. Cinco anos depois ele já tinha três bares. Ele tinha se encontrado na vida. Tenho certeza de que no bar ele não reclamava.”
6 – Não se confunda
Atenção! Antes de mandar seu funcionário embora, certifique-se de que se trata de fato de um reclamão.
Ás vezes, esse funcionário é apenas uma pessoa questionadora, que vê processos errados no negócio e faz questão de apontá-los de maneira firme. Neste caso, agradeça por ter alguém assim na equipe.
“A pessoa que enxerga uma falha e contesta o chefe, argumentando para convencê-lo, ela deve ser valorizada. Quem tem um funcionário assim é privilegiado. É uma maravilha porque todo mundo cresce”, afirma Rangel.
Fonte: Exame.abril.com.br
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