As 1,44 mil cooperativas de crédito integradas ao Sistema Financeiro Nacional estão buscando a profissionalização de suas atividades e a implantação de conselhos de governança corporativa e de diretorias executivas para atender até 2015 essa obrigatoriedade do Banco Central.
"Até 2015 todas as cooperativas de crédito precisam implantar as normas de governança corporativa e entre essas mudanças está segregar [separar] a estrutura de administração [conselho de administração e conselho fiscal] das atividades de gestão [diretoria executiva]. Inclusive, algo inovador, é que na área de gestão, as cooperativas vão poder contratar profissionais de mercado, não necessariamente as pessoas associadas, os cooperados", apontou o coordenador da Comissão de Cooperativas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), José Luiz Munhós.
De acordo com dados do Banco Central, ao final de 2013, as cooperativas de crédito representavam 2,75% das operações de crédito no Sistema Financeiro Nacional, com um montante concedido acima de R$ 75 bilhões. Os depósitos no segmento cooperativo representam 4,28% de participação superando R$ 80 bilhões.
No critério de ativos, as cooperativas cresceram 21% em 2013 para R$ 166 bilhões, o dobro da performance obtida do sistema bancário brasileiro e representam 2,53% do mercado.
As cooperativas que são interligadas em sistemas de crédito como Sicoob, Sicredi, Unicred,Cecred, Uniprime e a Central Norte e Nordeste atendem mais de 6,2 milhões de pessoas.
Na avaliação de Munhós, as cooperativas de crédito estão passando atualmente por um forte processo de profissionalização que renderá um desenvolvimento sólido e sustentável nos próximos anos. "As cooperativas estão em diferentes níveis de estágios de desenvolvimento, mas a regulação do Banco Central está permitindo a contratação de profissionais do mercado e o desenvolvimento das áreas de gestão. E estão ocorrendo muitas contratações executivas", informa.
O coordenador explicou que as operações financeiras das cooperativas estão se tornando mais complexas, o que exige dos conselheiros de administração cooperados maior conhecimento técnico e do mercado.
Além da procura por profissionais além do quadro de cooperados, Munhós aponta uma forte demanda por cursos nas áreas de administração, finanças, fiscal e tributária e de conhecimento em produtos financeiros. "O conhecimento jurídico, sobretudo para atender a lei de combate à fraude e de lavagem de dinheiro e a lei anticorrupção, está entre as capacitações exigidas."
Nos últimos quatro anos (2010-2013), o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) recebeu 1.068 alunos em cursos voltados para cooperativas de crédito. "As cooperativas trocam de conselheiros a cada quatro anos, é um trabalho de formação contínuo", diz.
Em outubro próximo, a entidade planeja publicar o primeiro estudo sobre os salários dos conselheiros em cooperativas. "A implementação de diretorias executivas tem um custo, mas o número de cadeiras pode ser alterado de acordo com o porte de cada cooperativa. Num conselho de administração, a recomendação é um mínimo de 5 a 11 participantes para preservar a diversidade. E o conselho fiscal pode ter 3 titulares e 3 suplentes", exemplificou.
Outra preocupação do IBGC é com o processo de sucessão nas cooperativas. "Incentivamos a perenidade das atividades, e a formação de sucessores é um ponto importante na sustentabilidade e continuidade dos negócios", diz o coordenador.
Ainda sobre o desenvolvimento desse segmento, as cooperativas também estão se adaptando à resolução 4.284, de 5 de novembro de 2013, que aprovou o Estatuto e o Regulamento do Fundo Garantidor de Cooperativismo de Crédito (FGCoop). A novidade tornará possível a cobertura de clientes com depósitos nas cooperativas nos moldes do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) utilizado pelo sistema bancário.
Encontro
No próximo dia 3 de junho, a presidente do IBGC, Sandra Guerra, abre os trabalhos do 2° Encontro de Conselheiros, em São Paulo. Entre os palestrantes, o evento contará com a presença de Osvaldo Burgos Schirmer, presidente do conselho de administração das Lojas Renner, e Ricardo Egídio Setubal, presidente do conselho de administração da Itautec, e de Adriana Machado, vice-presidente para assuntos governamentais e políticas públicas para a GE para América Latina.
Por Ernani Fagundes
Fonte: Jornal DCI-26/05/2014
Via Ibracon.com.br
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