quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Inovação e clientes desafiam cooperativa

A greve dos bancos em todo o País deu fôlego para as cooperativas de crédito. Mas o volume dos "clientes", conquistados nesta paralisação, pode não permanecer ou sustentar o desempenho dos associados no longo prazo.

A greve dos bancos, encerrada na quinta-feira passada, dia 6, teve duração de 31 dias e fechou 55% de todas as agências do País.

De acordo com Edson Nassar, CEO do Banco Cooperativo Sicredi, o cliente que procurou as cooperativas no período de greve bancária não tende a ficar no longo prazo, pois apenas buscou "uma alternativa momentânea".

"É um público transitório. Naquele momento, o cliente não entendeu o cooperativismo, mas viu uma oportunidade para sanar um tipo de necessidade ou atendimento que ele procurava com certa urgência, o que é diferente", identifica o presidente.

Por conta disso, ele ressaltou que as cooperativas foram direcionadas a "não aproveitar" a greve. "A instrução foi para que deixassem fluir por si só. Se os clientes optarem para irem para um lado ou para o outro, que isto fosse de forma natural.

De qualquer forma, não fechamos as portas porque era uma chance para nós", opina.

De acordo com Nassar, por outro lado, as previsões do orçamento e do planejamento do Sicredi serão "seguidos à risca" em 2016. No longo prazo, a expectativa do sistema é de crescimento de seis pontos percentuais na participação de mercado (de 4% para 10%) em um período de cinco a dez anos.

Além disso, no curto prazo, a perspectiva é de subir o investimento de R$ 200 milhões no acumulado deste ano, para R$ 250 milhões em 2017 em novas agências, com 168 novos postos de atendimento em 2016, totalizando cerca de 1.600 agências no País.

Inovação

Conforme Mario José Konzen, vice-presidente da cooperativa Sicredi pioneira no País, no Rio Grande do Sul, apesar de o foco no relacionamento com os associados justificar a forma como o sistema cooperativista caminha na contramão dos bancos, com um aumento visível no número de agências, um dos desafios do segmento é lidar com a exigência tecnológica das novas gerações.

"Apesar de o Sicredi já ter aplicativos e boa interação com mobile, tecnologia custa caríssimo e as cooperativas não têm o dinheiro que os bancos possuem", avalia.

Ele ressalta, no entanto, que a atenção para os meios tecnológicos é frequente e há uma "busca incessante" para atender essas exigências "Temos que encontrar uma forma de ter essa linha tecnológica. Ainda não temos a resposta de como vamos fazer, mas pequenas coisas, como aprimoramento dos aplicativos existentes, já estão sendo trabalhadas no setor", completa Konzen.

Conhecimento

De acordo com Jorge Maldaner, conselheiro financeiro da Sicredi pioneira, mesmo que os produtos oferecidos sejam os mesmos do que os bancos, segue o desafio de disseminar os serviços do segmento.

"A cooperativa deve buscar junto aos seus associados, ser a principal instituição financeira. Principalmente porque não faz sentido ser sócio de uma cooperativa de crédito e na hora de fazer operações, procurar um banco. Isso é como deixar o lucro da minha operação nas mãos do meu concorrente", identifica.

Os executivos da instituição do Rio Grande do Sul destacam ainda o esforço para "descomplicar" sistemas de oferta de produtos. "Tem havido uma forma muito conservadora e rígida na questão de quanto é necessário cobrar do sócio, principalmente porque o principal objetivo é cobrar menos do que os métodos tradicionais e gerar maior rentabilidade", avalia Jorge Maldaner.

Para Jonas Frielink, gerente da unidade do Sicredi Gramado (RS), a cooperativa tem "olhado com muito cuidado" para os empréstimos feitos. "Os processos de abertura têm sido aprimorados", afirma.

A respeito das captações do Sicredi, vertente que mostrou o maior crescimento dentre as carteiras oferecidas pelo sistema, com alta de 37,5% (para R$ 26,5 bilhões) no primeiro semestre deste ano, comparado a iguais seis meses de 2015, o presidente da instituição comenta que a poupança foi o maior destaque, com um aumento de 23,6% no período, para um montante de R$ 5,8 bilhões./A repórter viajou a Porto Alegre a convite do Sicredi

Fonte: Jornal DCI-13/10/2016
Via IBRACON

Nenhum comentário:

Postar um comentário