País tem, em média, 50 atualizações tributárias por dia. Manter-se em dia é desafio latente às companhias
O Brasil é conhecido por seus processos complexos. Ainda que existam esforços por parte do governo, abrir uma empresa, por exemplo, é demorado (120 dias, em média) e poucos entendem, já que isso afeta indicadores como geração de empregos. Quando avaliamos o sistema tributário, a dificuldade aumenta, e não apenas pela matemática usada para calcular diversas taxas, impostos e contribuições. Temos toda essa sopa de letras nas esferas federal, estadual e municipal e com atualizações frequentes. Para dar conta disso, apenas com apoio da TI. E se tem um grupo de empresas que demandam essa ajuda fortemente é o de companhias internacionais. Entender já é um processo, se adaptar à realidade, é outra história.
Em conversa com InformationWeek Brasil, o presidente da Synchro, Ricardo Funari, provedora especializada em soluções fiscais, lembra que, de forma geral, quem se beneficia de sistemas para automatizar cálculos e atualizações de regras são as companhias de grande porte, até pela dinâmica dessas corporações e atuação em âmbito nacional, ou seja, participam de diferentes regimes de tributação locais. No caso da provedora, dos 400 clientes, a maior parte tem faturamento superior a R$ 250 milhões. As exceções são companhias menores, mas que usam soluções de nota eletrônica.
Isso acontece por dois motivos básicos: “complexidade e obrigação maior pela abrangência de operação e por não estarem em regimes especiais, como SuperSimples, para empresas pequenas. O segundo é porque são (companhias) servidas por grandes ERPs (SAP, Infor, Oracle) e têm dificuldades para atender as especificidades”, comenta o presidente.
Por lá, eles tentam entender a necessidade do cliente e trabalham com o conceito de ERP fiscal – são mais de 20 módulos, como lembra Funari. No geral, eles conseguem integrar a solução aos principais sistemas de gestão do mercado. Os projetos, nem sempre são rápidos e dependem muito da realidade de cada corporação.
Dar conta das atualizações é um desafio para a própria Synchro. Até por isso, recentemente, eles criaram uma área de conteúdo que serve tanto para alimentar o sistema de informações legais como para atualizar as regras dos softwares. Um exemplo é a solução de calendário tributário regulado por lei, há uma monitoração para atualizar qualquer tipo de alteração que o governo lance. “São cerca de 50 mudanças tributárias por dia nas três esferas, sem incluir as trabalhistas. Dá uma média de duas por hora”, calcula.
Explicar essa realidade para empresas estrangeiras que estão chegando ao Brasil – e agora são muitas, motivadas pelo bom momento vivido pela economia nacional e pelos grandes eventos esportivos que serão sediados por aqui – tem sido uma das principais tarefas de companhias como a Synchro. Mais que ajudar na adaptação às regras locais, é preciso explicar, de forma didática, nossa realidade a esses executivos, até para que eles justifiquem o investimento feito.
“Eles não têm ideia de nota eletrônica por movimento de mercadoria”, exemplifica. “E o ERP que eles usam lá fora chega por roll-out, eles não fazem ideia da necessidade de complemento e não falo só de fiscal e tributário. Precisa também de folha de pagamento”, detalha.
Dependendo do tamanho da companhia, um projeto como esse pode levar até um ano. Reduzir esse tempo também é desafio para os provedores e as soluções como serviço já passam a ser uma alternativa. Com elas, reduz-se bastante o tempo de implantação. Alguns optam por um projeto de software como serviço (SaaS, da sigla em inglês) inicialmente e, depois, migram para solução internalizada. Mas já existe um grupo crescente apostando em SaaS como algo permanente.
Fonte: Informationweek
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