segunda-feira, 7 de abril de 2014

07/04 Conhecer o risco é importante para operações de proteção

Em evento realizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), no Spazio JK, em São Paulo, executivos financeiros apresentaram suas experiências financeiras com operações de hedge - proteção contra oscilações inesperadas nos preços -,deixando claro que somente empresas grandes, com margem de risco elevado, realizam esse tipo de procedimento. 

Segundo a diretora financeira da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Rosana Passos Pádua, o Brasil é o maior provedor de ferramentas, não existindo limitações para atingir os objetivos na proteção para as operações. Mas caso a empresa faça a opção de realizar as operações em outro país, isso também é possível. 

Empresas que pretendem trabalhar com hedge precisam entender completamente a política da empresa, o que inclui se a empresa trabalha com importação, exportação, com quais países possuem relações e em qual moeda serão realizadas as transações. O diretor Financeiro da Embraer, Marco Libanio, explica que esse tipo de procedimento é realizado por empresas de grande porte, não atingindo ainda as pequenas e médias empresas, no entanto , os pequenos e médios fornecedores são impactados economicamente por meio do limite de crédito. 

Para se entender como o cenário econômico influencia as relações das empresas, a BR Foods, por exemplo, possui um faturamento de 45% concentrado nas exportações. A maioria das transações são realizadas em dólar, e com as oscilações econômicas nos Estados Unidos desde 2009 e a desaceleração da economia do Brasil, a empresa busca utilizar as melhores práticas de hedges que atendam a necessidade da holding. "A empresa tem um custo grande com componentes como farelo de soja e milho, que são produtos totalmente dolarizados", comenta o responsável pelas Finanças e Relações com Investidores da BR Foods, Elcio Itu. O executivo esclarece que a empresa possui uma politica de risco forte e disciplina em suas operações. Todos os procedimentos realizados em hedge passam por total aprovação do Conselho de Administrativo, prezando a revisão e acompanhamento contínuo de todos. Segundo Itu, o objetivo da BR Foods com a política de proteção é reduzir a volatilidade, vislumbrando um cenário futuro de 12 meses com foco no fluxo de caixa. 

Esse tipo de política varia de acordo com cada empresa. "Cada empresa por onde passei o 'humor' do hedge era diferente", informa o diretor Financeiro da Embraer, Marco Libanio. A terceira maior empresa na produção de aeronaves do mundo, possui 97% da sua produção voltada para exportação. "Para nós , que possuímos 60% de ações na bolsa, ter uma política de governança clara, identificar e analisar os impactos das operações de derivativos no resultado da empresa são essenciais". Libanio comenta que "conhecer profundamente as alternativas disponíveis no mercado financeiro de forma a antecipar o movimentos que possam afetar a liquidez e a exposição da empresa", completa. 

Como a moeda mais utilizada para as operações de hedge é o dólar, a política econômica mundial influencia muito. Na avaliação do economista chefe do Banco safra, Carlos Kawall o mais importante para esses tipos de transações é o câmbio. De acordo com o economista, a desaceleração do crescimento do Brasil, o baixo número de crédito, com o baixo índice de desemprego (5%) e a massa salarial crescendo aquém da produtividade influenciou na queda da balança comercial. "Nosso saldo na balança comercial desapareceu. Em 2011 tínhamos um saldo de U$ 40 bilhões. Hoje temos a balança comercial negativa com U$6 bilhões", afirma. 

Quando questionado pelo DCI sobre a possível alta dos juros nos Estados Unidos, o economista explica que passamos por um período relativamente prolongado de juros internacionais e que isso deve acontecer em meados de 2015, mas espera que o Brasil fortaleça os fundamentos da economia para que esse processo se dê o mais suave o possível.

Por Cristiane Pappi

Fonte: Jornal DCI-04/04/2014
Via IBRACON

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