Em evento realizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), no Spazio JK, em São Paulo, executivos financeiros apresentaram suas experiências financeiras com operações de hedge - proteção contra oscilações inesperadas nos preços -,deixando claro que somente empresas grandes, com margem de risco elevado, realizam esse tipo de procedimento.
Segundo a diretora financeira da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Rosana Passos Pádua, o Brasil é o maior provedor de ferramentas, não existindo limitações para atingir os objetivos na proteção para as operações. Mas caso a empresa faça a opção de realizar as operações em outro país, isso também é possível.
Empresas que pretendem trabalhar com hedge precisam entender completamente a política da empresa, o que inclui se a empresa trabalha com importação, exportação, com quais países possuem relações e em qual moeda serão realizadas as transações. O diretor Financeiro da Embraer, Marco Libanio, explica que esse tipo de procedimento é realizado por empresas de grande porte, não atingindo ainda as pequenas e médias empresas, no entanto , os pequenos e médios fornecedores são impactados economicamente por meio do limite de crédito.
Para se entender como o cenário econômico influencia as relações das empresas, a BR Foods, por exemplo, possui um faturamento de 45% concentrado nas exportações. A maioria das transações são realizadas em dólar, e com as oscilações econômicas nos Estados Unidos desde 2009 e a desaceleração da economia do Brasil, a empresa busca utilizar as melhores práticas de hedges que atendam a necessidade da holding. "A empresa tem um custo grande com componentes como farelo de soja e milho, que são produtos totalmente dolarizados", comenta o responsável pelas Finanças e Relações com Investidores da BR Foods, Elcio Itu. O executivo esclarece que a empresa possui uma politica de risco forte e disciplina em suas operações. Todos os procedimentos realizados em hedge passam por total aprovação do Conselho de Administrativo, prezando a revisão e acompanhamento contínuo de todos. Segundo Itu, o objetivo da BR Foods com a política de proteção é reduzir a volatilidade, vislumbrando um cenário futuro de 12 meses com foco no fluxo de caixa.
Esse tipo de política varia de acordo com cada empresa. "Cada empresa por onde passei o 'humor' do hedge era diferente", informa o diretor Financeiro da Embraer, Marco Libanio. A terceira maior empresa na produção de aeronaves do mundo, possui 97% da sua produção voltada para exportação. "Para nós , que possuímos 60% de ações na bolsa, ter uma política de governança clara, identificar e analisar os impactos das operações de derivativos no resultado da empresa são essenciais". Libanio comenta que "conhecer profundamente as alternativas disponíveis no mercado financeiro de forma a antecipar o movimentos que possam afetar a liquidez e a exposição da empresa", completa.
Como a moeda mais utilizada para as operações de hedge é o dólar, a política econômica mundial influencia muito. Na avaliação do economista chefe do Banco safra, Carlos Kawall o mais importante para esses tipos de transações é o câmbio. De acordo com o economista, a desaceleração do crescimento do Brasil, o baixo número de crédito, com o baixo índice de desemprego (5%) e a massa salarial crescendo aquém da produtividade influenciou na queda da balança comercial. "Nosso saldo na balança comercial desapareceu. Em 2011 tínhamos um saldo de U$ 40 bilhões. Hoje temos a balança comercial negativa com U$6 bilhões", afirma.
Quando questionado pelo DCI sobre a possível alta dos juros nos Estados Unidos, o economista explica que passamos por um período relativamente prolongado de juros internacionais e que isso deve acontecer em meados de 2015, mas espera que o Brasil fortaleça os fundamentos da economia para que esse processo se dê o mais suave o possível.
Por Cristiane Pappi
Fonte: Jornal DCI-04/04/2014
Via IBRACON
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