terça-feira, 15 de agosto de 2017

Uruguai quer debater reforma trabalhista brasileira

O Uruguai demonstrou preocupação com os impactos da reforma trabalhista do Brasil e pretende pressionar pela organização de uma reunião no Mercosul que debata o assunto. 

“Não vamos interferir na legislação interna dos países, mas queremos marcar preocupações, porque assim vai ser muito difícil competir”, declarou o ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa. “O salário dos trabalhadores não pode ser a variável de ajuste para a concorrência nos mercados”, acrescentou. 

O chanceler do Uruguai lembrou que o Mercosul tem um protocolo trabalhista, assinado pelos quatro sócios em 2015, que trata dos direitos dos trabalhadores. Na visão do governo uruguaio, a reforma trabalhista brasileira, prevista para entrar em vigor nos próximos 120 dias, preocupa a dinâmica do bloco porque pode ser uma estratégia para competir no mercado internacional por meio da redução de direitos dos trabalhadores. 

Na mesma linha, o ministro do Trabalho do Uruguai, Ernesto Murro, disse que já enviou uma nota ao Brasil, que atualmente exerce a Presidência rotativa do bloco, solicitando a reunião dos órgãos sociotrabalhistas do Mercosul. A intenção é pedir que o governo do presidente Michel Temer apresente os detalhes da reforma para que os outros membros do bloco – Argentina, Uruguai e Paraguai – analisem os impactos das mudanças no mercado brasileiro. 

“Se vale mais um acordo individual entre um trabalhador e um empresário do que uma lei ou um convênio, retrocedemos dois ou três séculos”, criticou Murro. “Se no Mercosul temos que respeitar distintos direitos e obrigações, também precisamos respeitar direitos sociais e trabalhistas”, acrescentou o ministro, em declaração publicada no site da Presidência uruguaia. As críticas do governo vizinho ainda foram reforçadas pelo ministro da Economia, Danilo Astori, que disse ter a “sensação de que muitos trabalhadores no Brasil podem enfrentar consequências negativas” por conta da reforma brasileira.

Fonte: Valor.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário