O que precisamos fazer para nos assegurarmos da existência de alguém pronto para nos suceder?
Gosto de fazer essa pergunta para os gestores de áreas comerciais das empresas. Mas na maioria das vezes fico decepcionado com as respostas que recebo.
Nós tendemos a acreditar que estamos preparados para ocupar posições mais destacadas quando dominamos plenamente as atividades sob nossa responsabilidade e, simultaneamente, nos sentimos suficientemente preparados para enfrentar novos desafios.
Mas na verdade é impossível dizer-se preparado para ser promovido sem se ter cuidado, de forma exemplar, da preparação de nosso sucessor. E é bom que tenhamos em mente que quanto mais a empresa reconhece nossa competência, maior será o desafio de preparar alguém para ocupar nosso lugar.
Mas o que precisamos fazer para nos assegurar da existência de alguém pronto para nos suceder?
Acredito que sejam 4 as questões básicas que precisam ser tratadas: (a) vencer seus próprios medos; (b) fazer uma escolha baseada em méritos; (c) investir tempo na preparação dos potenciais sucessores e; (d) testar na prática, antes de fazer qualquer indicação.
Imagem: Thinkstock |
Quando falo de vencer seus próprios medos estou tocando naquele que talvez seja o maior inimigo do processo de preparação de sucessores: o medo que todo o criador tem de ser superado pela criatura.
Nesse momento quero assumir um tom mais intimista para contar a você uma experiência pessoal.
Faz exatos 13 anos que invisto no meu sucessor na coordenação acadêmica dos MBA em Gestão Comercial da FGV. Trata-se de um jovem que conheci quando ainda era um estudante do primeiro ano da graduação em administração de Empresas da ESPM e que hoje é meu sócio em uma das empresas nas quais atuo. Assim que terminou a graduação, Luis Roberto Mello – esse é o nome do meu sócio – foi estimulado a fazer seu MBA. Ao concluí-lo, foi novamente instado a se candidatar ao mestrado em administração da FGV. Hoje possui as duas titulações e é um dos mais bem avaliados professores do nosso MBA.
Através da participação em importantes projetos como a montagem das Universidades Corporativas de algumas empresas do Grupo Saint-Gobain, preparação e implantação do programa de Certificação Comercial da Telefônica Empresas e desenvolvimento da Academia de Vendas do Grupo Algar vem ganhando experiência prática que vai ajudá-lo tremendamente no dia em que passar a coordenar os MBAs que hoje estão sob minha responsabilidade.
Você pode se perguntar: por que o escolhido foi o Luis Roberto? A resposta é simples. Ele reunia a maior quantidade de pré-requisitos para se tornar um executivo de sucesso quando comparado aos outros 40 alunos da ESPM que estudavam comigo.
Passados 13 anos posso dizer que não me arrependo nem um pouco das inúmeras vezes que investimos horas e horas em discussões sobre a melhor forma de fazer algumas coisas. Também não me arrependo de, em determinadas ocasiões, ter apresentado uma elevadíssima expectativa em relação ao trabalho do Luis. Tenho certeza que ele hoje reconhece que, se eu tivesse agido de maneira diferente, talvez hoje ele não atuasse com o elevado padrão de qualidade que seu trabalho apresenta.
Mas será que devo investir apenas no Luis Roberto? É claro que não. Tenho mais dois potenciais candidatos a novos desafios. Seus nomes são Aaron e Leandro. Esse dois jovens, a quem conheci mais recentemente, estão correspondendo com muita competência às demandas que lhes temos dirigido, lá no Instituto MVC. Tanto eu quanto o Costacurta – meu sócio naquela empresa – estamos muito entusiasmados por termos podido oferecer a cada um deles uma participação societária em nossa empresa.
É agindo assim que me sinto muito preparado para enfrentar novos desafios junto a FGV ou ao Instituto MVC. Posso me sentir assim não apenas porque me preparo para ousar por áreas que ainda não conheço, mas também porque sei que há gente competente preparada para ocupar a posição que hoje ocupo.
por JB Vilhena é presidente e consultor sênior do Instituto MVC.
Fonte: Administradores.com.br
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