sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O que é contabilidade mental?

Você sabe o que é contabilidade mental? O termo não é exatamente uma novidade, mas se tornou mais presente na mídia neste mês após seu criador, o norte-americano Richard H. Taller, receber o prêmio Nobel em Economia por essa e outras contribuições a esse importante campo de estudo.

Por conta da grande visibilidade que o tema traz, é bem provável que daqui para frente essa teoria ganhe ainda mais corpo e passe a ser vista em diversas publicações. Para que você entenda exatamente sobre o que estamos falando, vamos explicar em detalhes o que é e como funciona a teoria da contabilidade mental.

Entendendo a teoria da contabilidade mental

Imagine a seguinte situação: você vai pedir um financiamento no banco. A instituição financeira, antes de tudo, mostra a você as opções de pagamento, ou seja, o valor de cada parcela de acordo com o número de vezes a serem pagas. Em segundo plano fica a taxa de juros cobrada, provavelmente menor se o número de parcelas também for menor.

Segundo a teoria, há maiores chances de que você contrate a pior das opções – parcelamento mais longo e com maior taxa de juros – apenas para satisfazer uma necessidade imediata. Mentalmente, sua maior preocupação é saber se você terá ou não como pagar a conta, ou seja, tem mais valor a parcela menor – que provavelmente não é a melhor das opções.

Decisões financeiras irracionais

Essa mesma teoria se aplica a diversas outras ocasiões. Segundo o seu autor, um exemplo clássico é o dos planos de aposentadoria privada. Visando obter mais benefícios imediatos – ou seja, desfrutar o mais rápido possível do dinheiro que você tem – as pessoas optam por deixar a aposentadoria para mais tarde. O que, sabemos, não é a escolha mais sábia.

Assim, o foco da teoria é indicar que quando tomamos uma decisão financeira, o elemento principal que enfocamos é a satisfação de uma necessidade imediata e não a análise de todas as variáveis possíveis, bem como as suas alternativas e consequências. O autor é considerado inovador pelo fato de aliar os conceitos econômicos com nuances de psicologia.

Uso da teoria em políticas públicas

Na obra “Nudge: o Empurrão para a Escolha Certa”, Thaller apresenta diversas outras variações da sua teoria, sempre tendo como foco principal o fato de que a maioria das pessoas sempre faz uma escolha “irracional”, ou seja, a pior entre as opções que se apresentam. Ele cita, por exemplo, a maneira como reagimos ao receber uma quantia de dinheiro inesperado.

Ao receber um prêmio de loteria ou um reembolso, por exemplo, somos muito mais propensos a gastar esse dinheiro “extra” com algo que satisfaça nossas necessidades imediatas – afinal “não vai faltar” – do que poupá-lo, pois, em teoria, ele tornaria mais curto o caminho para se chegar a um determinado objetivo, seja ele qual for.

A ideia de Thaller com a sua teoria é auxiliar as entidades governamentais na formação de políticas públicas. As áreas de educação, saúde e trabalho, por exemplo, podem se beneficiar dessas observações. Seja de forma voluntária ou involuntária, entender o comportamento dos consumidores pode fazer que os governos direcionem projetos para evitar que mais pessoas tenham a sua renda comprometida por conta de escolhas consideradas “irracionais”.

Para saber mais

Além do livro que mencionamos acima, outra forma de ter contato com a teoria de Thaller é por meio do filme A Grande Aposta (The Big Short, 2007). O economista foi um dos colaboradores da produção, fazendo uma analogia com um jogo de pôquer para explicar as suas premissas.

Aliás, essa é uma das razões pela qual o trabalho de Richard tem sido amplamente elogiado pelos economistas em todo o mundo. A maneira simples como ele consegue expor os seus pensamentos, fazendo uma série de analogias para difundir os conceitos econômicos de forma criativa, facilita a compreensão dos conteúdos mesmo por aqueles que têm poucos conhecimentos sobre o assunto.

Fonte: Sage

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