segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

13/02 Você pagou R$ 1,5 tri. Mas cadê o resultado?


Brasil é o país que dá o pior retorno dos recursos arrecadados




"O pagamento de impostos é um dever do cidadão. É também um dever do Estado informar para onde vão os recursos recolhidos. Eles são fundamentais para promover o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país". Esse trecho pode ser encontrado na página da Receita Federal, em resposta à pergunta "Para onde vai o imposto que pagamos?".

Na prática, como é comum no Brasil, a história não é bem essa. Mesmo com a alta carga tributária de 35,13% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e a arrecadação de impostos ultrapassando a marca de R$ 1,5 trilhão em 2011, o Brasil continua não aplicando de forma adequada os valores recolhidos em serviços públicos à população, para a melhoria da qualidade de vida. 

Um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) aponta que, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil aparece na última posição entre as nações que melhor retornam os recursos arrecadados. A pesquisa levou em conta os 30 países que registram maior carga tributária em todo o mundo.



A Austrália lidera o ranking, sendo o país que dá mais retorno das taxas para o bem-estar da população, seguida pelos Estados Unidos, que caiu para a segunda posição em relação ao ano passado, e a Coreia do Sul. Já Japão e Irlanda, que ocuparam, respectivamente, as 2 e 3ª posições na pesquisa anterior, caíram para 4º e 5º lugar no ranking de 2012.


Quem paga a contaDos países da América Latina e Caribe, a carga tributária do Brasil é a mais alta. Está na média dos países ricos, segundo o IBPT. O problema com as taxas nacionais não para por aí, já que a estrutura tributária é de países em desenvolvimento. Por estrutura tributária entende-se como é feita a cobrança do imposto: em cima do patrimônio do contribuinte, do consumo ou sobre a previdência. 

Em países de primeiro mundo, a concentração de tributação se dá no patrimônio e na renda do contribuinte. Isso significa que quem tem mais posses e ganha mais paga mais taxas. Já nos países em desenvolvimento – caso do Brasil – a concentração da cobrança é em cima do consumo da população. 

"Significa que, se eu ganho R$ 2 mil ou R$ 20 mil, vou pagar o mesmo imposto sobre o quilo do arroz. Essa forma de tributação onera o mais pobre, principalmente a classe média", explica a vice-presidente do IBPT, Letícia do Amaral. 

A mobilização contra esse modelo que castiga aquele que ganha menos dinheiro tem que partir da população, diz ela. Uma das propostas do IBPT é deixar claro quanto de imposto é pago por cada produto.

"Desenvolvemos um site, o lupanoimposto.com.br em que empresas se cadastram, fazem a lista dos produtos que vendem e o próprio sistema faz o cálculo do tributo. O comerciante pode imprimir etiquetas para informar isso no ponto de vendas. É uma forma de esclarecer a população sobre quanto ela paga em taxas em cada produto". 

No bloco do impostômetroNem a folia do brasileiro é poupada dos altos tributos cobrados pelo governo. Veja o quanto você deposita nos cofres públicos quando vai brincar o carnaval:
Cerveja  - 54,80%

Colar havaiano - 45,96%

Refrigerante (lata) - 45,80%

Máscara de plástico - 43,93%

Água mineral - 43,91%

Refrigerante (garrafa) - 43,91%

Confete/serpentina - 43,83%

Biquíni com lantejoulas - 42,19%

Viola - 39,65%

Tamborim - 39,20%

Agogô - 38,74%

Cavaquinho - 38,33%

Cuíca - 38,30%

Pandeiro - 37,83%

Reco-reco - 37,64%

Fantasia (roupa apenas com tecido) - 36,41%

Pacote hotel, ingresso e traslado para desfile - 36,28%
 
Água de coco - 34,13%

Corneta - 34,00%

Fantasia (roupa com arame) - 33,91%

por Fernanda Zandonadi

Fonte: Gazeta online

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