sábado, 1 de outubro de 2016

Desafios IFRS 9

Está próxima a mudança da contabilização de instrumentos financeiros

A partir de janeiro do próximo ano, as empresas financeiras e demais que adotam padrões contábeis internacionais precisarão se adequar à estrutura do IFRS 9 (International Financial Reporting Standards 9), que inclui novos requerimentos sobre a classificação e mensuração de ativos e passivos financeiros, entre eles a redução ao seu valor recuperável.

Ele também complementa novos princípios de registro contábil de hedge, publicados em 2013, e sua adoção pode ser entendida como resposta à crise financeira mundial, ocorrida na década passada, onde perdas com imparidade de diversos ativos financeiros, mas particularmente os derivativos e outros ativos "tóxicos", foram identificadas e reconhecidas tardiamente pelas empresas financeiras no mundo.

Ao mesmo tempo que sua adoção favorece o entendimento das demonstrações financeiras por parte de investidores, órgãos reguladores internacionais e agentes do mercado, o IFRS 9 representa uma das maiores alterações no arcabouço das IFRSs desde sua adoção, ainda na década passada.

Embora ainda não tenha sido publicado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), o IFRS 9 propõe mudanças significativas em projeções de resultados, covenants, pagamento de dividendos e percepção de mercado das empresas, o que trará impactos importantes nas instituições financeiras por conta do seu potencial efeito no volume e volatilidade de provisões para perdas, bem como o consequente impacto no índice de Basileia dessas entidades.

A principal alteração se dá pela adoção do modelo de perdas esperadas juntamente com o modelo de perdas de crédito incorridas, já coberta pela norma contábil anterior (IAS 39), para reconhecimento e mensuração das perdas por imparidade. Este modelo de perdas esperadas provoca efeitos importantes nas instituições financeiras, pois reduz a assimetria existente entre os registros contábeis e as normas de solvência no que se refere à alocação de capital para riscos de crédito.

A nova norma também impacta a atual estrutura de controles internos das empresas, principalmente das instituições financeiras. Áreas como a de tecnologia e de controles internos e governança corporativa são bastante afetadas. As unidades de finanças, controladoria e relações com investidores também estão nesta lista tanto por conta do aumento dos requerimentos de divulgação impostos pela adoção do IFRS 9, quanto pelo maior grau de transparência nos princípios almejados, organização e informações.

Também são esperados o aumento de controles internos para validação do modelo adotado e análise dos resultados produzidos, seus impactos no patrimônio líquido, lucro, gestão de dividendos e projeções de resultados.

Os maiores desafios esperados para as organizações, sobretudo àquelas que reportam seus resultados aos seus acionistas e ao mercado, residem no gerenciamento, divulgação e análises dos impactos calculados de acordo com o IFRS 9. São esperados, ao menos nos anos seguintes a sua implementação, em 2018, maiores níveis de provisão para perdas de crédito e, consequentemente, resultados mais voláteis.

Também temos que considerar que estamos a menos de dois anos de sua adoção e, portanto, o projeto para implementação deve estar em curso dentro das empresas.

Gilberto Souza, sócio da área de Mercado de Capitaisda Deloitte

Fonte: DCI

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