quarta-feira, 17 de agosto de 2011

17/08 Compras com cartão mudam a face do varejo brasileiro


Até 2021, segundo estimativas da Boanerges & Cia., as compras pagas com cartões no varejo brasileiro vão superar, em valor, as pagas com dinheiro. (Veja quadro abaixo) Esse fenômeno traz em si o poder de mudar a face do varejo brasileiro, uma vez que insere definitivamente na vida de consumidores, lojistas, empresas de serviços, bancos, financeiras, operadoras de cartão, empresas de call center e até seguradoras, um meio de pagamento com muito mais inteligência embarcada do que uma simples nota de dinheiro.
“Em 2021, 46% do consumo privado será pago com cartões de crédito, débito, loja ou rede, um índice que, em 2011, deverá alcançar 27%. Essa quase duplicação relativa dos recursos movimentados por esses meios de pagamento vai impactar a vida de todos que vivenciam este mercado. Esse crescimento já vem gerando uma pressão maior pelo aperfeiçoamento do setor, e a regulação, seja imposta pelo governo ou partindo dos próprios players atuantes, tem um papel fundamental tanto na garantia da evolução quanto na manutenção do equilíbrio entre os diversos envolvidos, incluindo consumidores, varejistas, emissores, credenciadores, bandeiras, entre outros”, assinala Boanerges Ramos Freire, Presidente da Boanerges & Cia., consultoria especializada em varejo financeiro.
No Brasil, 2011 deve fechar com 648 milhões de plásticos em circulação, incluindo cartões de rede, loja, débito e crédito, com um volume de transações estimado em 8,5 bilhões para este ano e um valor ao redor de R$ 680 bilhões, com cerca de 87% movimentados por cartões de crédito e débito.
O varejo financeiro no Brasil, explica Boanerges, é ainda mais dinâmico do que nos Estados Unidos e vem despertando o interesse de novos concorrentes, inclusive estrangeiros:
“O crescimento desse mercado vem promovendo altos ganhos, especialmente para empresas emissoras de cartões e as credenciadoras, que cuidam da relação com os estabelecimentos. Com essa crescente penetração desses meios de pagamento veremos pressões cada vez maiores por uma regulação do setor, bem como ações de autorregulação promovidas pelo próprio mercado”, prevê Freire.
Enquanto os varejistas verão mais opções de credenciadoras no mercado, com a consequente redução dos custos inerentes à aceitação desse tipo de pagamento, para os consumidores o impacto positivo do avanço dos cartões como meio de pagamento será a ampliação da rede de aceitação e uma possível redução nas taxas de juros praticadas atualmente:
“Com o aumento da concorrência, os credenciadores já vêm ampliando sua atuação para regiões e segmentos do varejo considerados pouco atrativos no passado. Já os bancos emissores estão cientes de que as taxas de juros estão na mira dos reguladores, e devem se antecipar para não sofrerem uma intervenção como os credenciadores vivenciaram com a quebra na exclusividades das bandeiras”, estima Freire.
O avanço dos cartões de crédito já provoca mudanças no cenário brasileiro de meios de pagamento. Segundo Freire, as transações com cheques, por exemplo, que eram de 34% em 2001, não chegam hoje a 5% e devem cair para 2% em 2021, rumando para uma sobrevivência marginal.
“O cheque pré-datado, uma invenção tipicamente brasileira, já foi praticamente substituído pelo parcelamento sem juros no cartão de crédito”, ressalta Freire.
Mudanças no mercado
No próximo dia 31/08, Boanerges Freire coordenará um painel sobre as mudanças no mercado de cartões e credenciamento de estabelecimentos no Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor, que acontece em São Paulo:
“Os meios de pagamento usados pelo varejo brasileiro apresentam mais variedade e complexidade do que a que vemos em mercados como o norte-americano, por exemplo. O Brasil é um grande laboratório nesse sentido, atraindo, inclusive, empresas estrangeiras, interessadas em atuar em um dos segmentos mais dinâmicos de nossa economia. No segmento de processamento de transações, temos visto a entrada de concorrentes estrangeiros atraídos pelo volume crescente de cartões. Já estamos vendo também o surgimento de inovações como pagamento via celular e cartões pré-pagos recarregáveis. Sabemos que há um enorme espaço para crescer no Brasil quando notamos que, ainda hoje, 55% dos salários são pagos em dinheiro”, assinala.


incorporativa

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