O dólar comercial completou hoje o oitavo pregão seguido de alta, período em que a moeda ganhou 7,49% e, hoje, fechou acima de R$ 1,70, algo não visto desde dezembro do ano passado. No ano, a divisa tem valorização de 2,5%.
Hoje, o dólar comercial encerrou com alta de 1,78%, a R$ 1,708 na venda, maior preço desde 17 de dezembro de 2010. A moeda não subia tanto em um único pregão desde 6 de maio de 2010, quando ganhou 2,83%. Na máxima do dia a moeda foi a R$ 1,729, ganho de 2,49%.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto subiu 2,32%, para R$ 1,719. O volume negociado no dia somou US$ 226,25 milhões, contra US$ 93 milhões no pregão anterior.
Também na BM&F, o dólar para outubro operava com alta de 1,75%, a R$ 1,715 antes do ajuste final, mas chegou a US$ 1,738. Pela análise gráfica, o R$ 1,750 seria o objetivo final do atual canal de alta.
A demanda por moeda americana não é exclusividade do mercado local. De fato, faz dias que o dólar sobe no mundo todo em função da crescente incerteza com o futuro do sistema financeiro na zona do euro.
O que mais preocupa não é o calote em si da Grécia ou de qualquer outro país da região, mas sim o impacto disso sobre o setor financeiro europeu e mundial. Não por acaso as ações de bancos europeus caem com força e se vê aumento nas taxas do mercado interbancário, o que sugere restrição de liquidez.
Com o euro sob pressão, o dólar reforça sua posição como “porto seguro” em momentos de incerteza. Rótulo reforçado pela recente decisão da suíça de impor um piso para o franco suíço. O iene também tem característica de “porto seguro” e, de fato, ganha do dólar, mas o risco é grande já que o governo japonês pode adotar novas medidas para conter a valorização da divisa.
No câmbio externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, opera estável a 77,19 pontos, mas fez máxima a 77,78 pontos. Já o euro, tomou fôlego depois que saíram notícias dando conta de que a China poderia comprar títulos da dívida da Itália. A moeda ganhava 0,66%, a US$ 1,367, depois de cair a US$ 1,349.
Essa mesma notícia, dada pelo "Financial Times", também reduziu as perdas nas bolsas de valores e tirou o dólar comercial das máximas aqui no Brasil.
Voltando o foco para o mercado local, os agentes falam em saída de investidor estrangeiro do real, o que explica a demanda por dólar, bem como a ocorrência de “stop loss”. Ou seja, a posição vendida atingiu um limite de preço, obrigando o investidor a mudar de mão.
Ampliando a análise, o economista-sênior para a América Latina da empresa de análises de mercado 4Cast, Pedro Tuesta, aponta que a questão envolvendo o real é justamente essa preocupação com “funding”. Ou seja, os agentes estão preocupados com a possibilidade de os bancos cessarem a concessão de crédito em função dessa crise na Europa, por isso estão preferindo reduzir a alavancagem e ficar com o dinheiro em caixa.
(Eduardo Campos |
Valor
Nenhum comentário:
Postar um comentário