quinta-feira, 13 de março de 2014

13/03 Cresce a demanda na área financeira

A área de finanças vai ser uma das mais movimentadas nas empresas brasileiras em 2014. Uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half com 2.535 diretores financeiros (CFOs) de 17 países mostra o Brasil como segundo colocado entre os que mais pretendem contratar profissionais neste segmento no primeiro semestre, perdendo apenas para a China. Participaram do estudo cem CFOs do Brasil.

De acordo com Alexandre Attauah, gerente da divisão de finanças e contabilidade da Robert Half, o cenário nacional, apesar de certa instabilidade, segue positivo – especialmente pelo fato de o país ser visto como um canal importante para a abertura de novas operações. “Os quadros de muitas empresas que têm crescido em ritmo mais intenso, como o de varejo e serviços on-line, passam por transformações. Mesmo aqueles com um crescimento menos acelerado, como o automotivo e o de indústrias pesadas, precisam do olhar crítico do profissional de finanças.”

Essa visão analítica está relacionada a um novo status que a função tem adquirido, diz Attauah. Ela sai dos bastidores das planilhas de controle e das cadeiras do conselho de administração para assumir um papel bem mais ativo na análise dos riscos das operações dos negócios. “Passa a ter uma relevância estratégica na obtenção de vantagens competitivas, além de ser importante para estabelecer um bom relacionamento com bancos e entidades de crédito”, enfatiza.

Prova disso, segundo o levantamento, é que 40% dos executivos brasileiros entrevistados disseram acreditar que a experiência em finanças e contabilidade aumenta muito as chances de nomeação para um cargo de CEO. Esse percentual é ainda maior em países como Austrália, Cingapura e China.

A interação com outros setores das companhias também faz parte das mudanças relacionadas à área. “O marketing, por exemplo, tem grande preocupação não apenas com custos e orçamentos, mas com o retorno de suas operações”, afirma o gerente da Robert Half.

Se por um lado há talentos disponíveis no mercado, de outro nem sempre é fácil efetivar contratações para o setor financeiro. “Depende muito do momento da empresa e do profissional. É preciso que haja compatibilidade”. Há ainda outras demandas específicas a serem atendidas, como a de ajudar a orquestrar processos de fusão e aquisição, que têm sido mais usuais recentemente.

Entre as razões que levam à contratação de profissionais de finanças e contabilidade, destacam-se em nosso mercado novos projetos ou iniciativas (81%), expansão de produtos ou serviços (51%) e crescimento doméstico do negócio (41%).

No mês passado, Marcelo Epperlein foi anunciado como o novo CFO da Locaweb, empresa de serviços de hospedagem na rede. “O desafio da companhia está no equilíbrio entre financiar crescimento e a oportunidade de consolidação”, afirma. No segmento de serviços de internet, onde atua com hospedagem, e-mail, e-commerce e e-mail marketing, existem oportunidades em fusões e aquisições, que visam tanto à concentração como à expansão de novas tecnologias.

Em sua opinião, após um período de crescimento, as contratações de profissionais financeiros no mercado brasileiro atualmente se voltam para controladoria e planejamento. “As companhias estão focadas no aumento de eficiência e na redução de custos. Com o número crescente de empresas de capital aberto e a entrada de fundos de private equity no Brasil, o profissional de finanças está desempenhando um papel estratégico que antes não era exigido dele”, afirma.

A consequência é a disputa mais acirrada por profissionais qualificados. Pelo estudo da Robert Half, o Brasil lidera o ranking dos que consideram um grande desafio encontrá-los, com 61% das respostas.

Estar preparado para conjunturas das mais diversas é outro pré-requisito para avançar nessa carreira. Com relação a isso, afirma Attauah, o profissional brasileiro até leva vantagem sobre os de outros países, dada a sua facilidade para transitar entre crises e contextos econômicos mais positivos. “A expatriação e a exposição internacional voltam a entrar em evidência, visando à capacitação da mão de obra nas matrizes ou à divulgação de algum conhecimento específico lá fora”, diz.

Uma vez que o desenvolvimento das competências acontecem “on the job”, aumenta também o temor de perder pessoas para a concorrência. Esse medo é maior no Brasil que em qualquer outro país – admitido por 49% dos respondentes do país, ante uma média geral de 27%.

Por Edson Valente

Fonte: Valor Econômico
Via CFC

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