terça-feira, 6 de outubro de 2015

06/10 PBL aplicado para Ciências Contábeis

É sempre válido e necessário refletir sobre formas inovadoras de ensino e aprendizagem em todas as áreas de atuação e, em especial, no ensino de Ciências Contábeis. Essa reflexão objetiva uma mudança necessária no papel da educação superior, cujos propósitos e o esgotamento do modelo atual para formação profissional são discutidos há tempos. No seio da questão, o grande volume de conhecimento gerado pelas ciências e a sua rápida obsolescência torna inútil muito daquilo que ora foi ensinado nas graduações. 

A metodologia tradicional de ensino é incapaz de promover aprendizagem significativa dos conceitos e de encorajar o desenvolvimento de outros entendimentos valorizados na vida profissional e social. Já o Problem Based Learning (PBL), em português Aprendizado Baseado em Problemas (ABP), é uma ferramenta destinada a amenizar os impactos negativos após a formação universitária e pode ser compreendido como um método de ensino-aprendizagem colaborativo, construtivista e contextualizado em que as situações-problema são utilizadas para iniciar, direcionar e motivar a aprendizagem. 

O PBL surge nas escolas norte-americanas de saúde como resposta para a insatisfação dos alunos frente ao grande volume de conhecimentos tidos como irrelevantes à prática médica. No entanto, é facilmente aplicado às Ciências Contábeis por ser uma área que desenvolveu teorias de bases cognitivas de perícias e por realizar um diagnóstico de problemas com desempenho financeiro.  Ao avaliar o método tradicional de ensino, entende-se que o estudante ocupa a posição de agente passivo e somente absorve conhecimentos e experiências em aulas expositivas. É considerado um método flexível e de rápida transmissão de conteúdo visto que pode ser utilizado por qualquer profissional com domínio da matéria, mesmo não dispondo de profundos conhecimentos pedagógicos. 

Na contabilidade, a utilização deste modelo limita-se a memorizar regras, definições e procedimentos e transforma-se num obstáculo à formação do aluno para o pensamento crítico. Já no PBL, o estudante é responsável por sua própria aprendizagem e o método estimula o pensamento crítico, as habilidades para solução de problemas e a aprendizagem de teorias e conceitos na área em questão. Portanto, o PBL permite que os estudantes se aproximem da realidade encontrada nas empresas e os prepara mais adequadamente quanto às necessidades do mercado. Vale ressaltar que isso somente é possível por meio de docentes capacitados, treinados e com experiência profissional. 

Na aplicação do PBL nas Ciências Contábeis, o aluno é exposto a situações motivadoras através de problemas que abranjam os temas do currículo. Um dos fundamentos principais é ensinar o aluno a aprender e a buscar conhecimentos por meios variados. O professor se torna um tutor que orienta o aluno, explica conceitos e sana dúvidas com relação aos requisitos do projeto e tarefas. Em pequenos grupos, os alunos discutem sobre um problema apresentado sob a supervisão do tutor. Nisso, o PBL estimula o aprendizado individual para um conhecimento mais profundo e aumenta o senso de responsabilidade do aluno, que precisa ter vontade de estudar para aprender por conta própria, demonstrando mais iniciativa e respeito aos prazos estabelecidos. 

O método exige do professor mais participação, planejamento, trabalho cooperativo, além da tomada de decisões. O tutor deve ser ativo, fazer uso de interrogatório apropriado durante as discussões para estimular e facilitar a aprendizagem, objetivando que os alunos reflitam e se encorajem para estabelecer conexões.  O mestre também facilita e auxilia a aprendizagem usando as próprias perguntas dos alunos para explorar e estimular o pensamento. 

O novo método estimula a leitura, o emprego do raciocínio lógico e a discussão. Portanto, incita o aluno a investigar e a resolver problemas e favorece a aquisição do conhecimento mais significativo e duradouro. O PBL desenvolve habilidades e atitudes profissionais positivas e isso inclui a capacidade de trabalho em grupo, gera aumento de comunicação e parcerias entre os estudantes e permite o cruzamento de informações de diferentes disciplinas e especialidades. O PBL também fomenta o diálogo entre o corpo docente sobre questões educacionais e favorece o trabalho coletivo na concepção dos projetos e o compartilhamento de experiências entre os departamentos.

por Marcello Lopes, sócio-diretor da LCC Auditores Independentes

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